sexta-feira, 12 de agosto de 2011

DESERTO...

          
Partes tu agora para longe do nada
Que sempre foi tudo o que tivestes,
Deixa o desafortunado sua casa amada
Donde a vida inteira tu sofreste!
Vais para uma terra tão distante
Que a solidão tua sombra acompanha,
Longínqua com um sonho brilhante
E na bagagem de mão leve a tua vergonha!
Foges do deserto que te cercas e te espantas
Onde as flores dos galhos são espinhos
Onde madeiras trabalhadas tu chamas de santas
Que caladas vêem seu triste murmurinho!
Segues para longe de tua morada de barro
Mas não te esqueças dos filhos que esta terra te deste
E ao conquistar sua casa e seu primeiro carro
Não te esqueças da peste escaldante do sol do Nordeste!
Apruma-te no caminho que te leva a cidade
E levas no teu coração o nosso amor...
E se um dia olhardes ao sol, que sintas saudade!
Dos que ficaram em prantos chicoteados pela dor.
Tu vais com meu Deus, meu herói e corajoso derradeiro!
E levas em tua bainha a espada do teu trabalho
E ainda que lutador seja sincero e verdadeiro...
Jamais te oponhas às lutas da lida como espantalho.
Escreva o teu sonho em teu duro travesseiro
E tudo o que te ensinaste consideras enfim!
E jamais esteja em ti um simples passageiro,
Pois faça por teus filhos, e também faças por mim!
Tu vais meu querido porque o suor que escorre em minha fronte
É vermelho escarlate como o de nosso Salvador
Segues tu para São Paulo, terra coberta de montes;
Pois em teu caminho, peço que te proteja o nosso Senhor!

Osny de Souza Alves

08/04/2005
22:29h

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