domingo, 7 de dezembro de 2014

A Saudade Deixa-nos Surdos Cegos e Nus



Hoje eu achei o riacho
Que eu acho que molhava
Sempre meus pés. 
Numa época de outrora,
Onde não corre agora
Aquilo que hoje não vês. 
Essa saudosa saudade
É uma gostosa maldade
Que despe a minha tez.
E olhando o meu corpo
Me escondo num copo,
Onde esconde minha nudez.
Pois a saudade vem e nos beija
E claramente nos deixa
Nus outra vez. 
Mas os outros não veem
Além de nossas vestes
Como ela nos despe
Peça a peça também. 
Mas parece que enxergam
E ao mesmo tempo nos cegam
E nossas roupas carregam
Como se dessem a alguém. 
É aí que nós achamos tão nus
No meio de uma luz
E o tal copo conduz
Para esquecer o passado. 
E fatalmente ficamos
Do jeito que amamos
E nos enganamos
Com a tal da surdez. 
E paralisados hipnotizados,
Como estátuas calados
O passado nos possui
Mais uma vez.
Osny Alves

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