quinta-feira, 19 de maio de 2011

SAGRADO & PROFANO



MULHER
I
Oh! Que solidão é essa que me atormenta?
Que me acompanha pela vida inteira
Desse jeito não há cristão que aguenta
Neste impar que a vida me traz derradeira!
II
Qual morte é essa que visita aos meus outros
Que não manda aviso ou recado e nem mesmo e-mail
Por favor dona da foice me acuda em teus ombros
Não entendo! Por que busca apenas o alheio?
III
Veja o meu sofrimento e deleta-o sem dó
Fico aqui no firmamento esquecida judieira!
A contemplar casais tão lindos enquanto eu tão triste e só!
Com um trapo no pescoço estou de hades a beira.
IV
Enquanto o beócio do silencio me assusta com seus gritos
Encontro essa furia destruidora de corações
Buscando a outros como eu nesse campo dos aflitos
Passa-lhes a foice nesses pobres e vis peões!
V
Peço ao anjo que me acuda ou a dona dos alheios
A tristeza que tenho de nada ajuda neste marsamo derradeiro
Que minha barriga já caída os antebraços e os meus seios...
Peço auxilio ao meu anjo ou a quem chegar primeiro!
VI
Aqueles ventos que me acariciavam agora judiam de mim
Oh! Meu anjo querido somente quero lançar meu olhar aos teus olhos...
Venhas agora! Tu meu anjo amado e tenhas pena de mim!
Desca em meu quarto com tuas asas tão lindas e floresça os meus sonhos!
VII
Suplico o favor do meu Deus que tens aos alheios a cuidar
Como a janta ao faminto e ao necessitado preste-me agora socorro
Envia aquele anjo perfeito que meu amado me faz lembrar
Antes que sucumbo na vida, e corroborada caio e morro.
VIII
Oh Tu dona da foice que atendes aos teus peregrinos
Que faz jus a tua fama e não fazes destinção de tais flores!
Que pelo mundo arrebata a tantos e na Africa aos meninos
E traga guerreiros e guerrilheiros e casias em plenos amores!
IX
Voltar no tempo é um castigo que juro não saber a razão
Como se eu visse minha sorte lançada na cópula dos meus genitores
A juventude e as escolhas mal feitas e os atalhos feitos de ilusão
Assisto minha vida inteira repleta de dissabores.
X
E agora vejo claramente que me negam o ultimo pedido
O meu mais único desejo de romper-me a vala tão negra
Encontro-me a implorar a dona da foice e ao meu anjo querido
Mas descobri que até para isso há uma regra...
ANJO
XI
Ah querida amada minha
Tu buscaste em meus olhos o amor,
Ferida tu correste tão sozinha
Que ainda busca em mim... Grande favor
XII
Uma flor castigada pelo vento
Que açoita tua pétala macia
E a solidão aprisionara teu sentimento
E deixou sua vida assim vazia.
XIII
E o cardo da angustia te consome
Que isolada parece envelhecer
Perdeste a confiança no bicho chamado homem
Teu algoz que devorou teu pobre ser!
XIV
Ah menina sou o anjo que lhe ampara
Que desceu a terra para suprir teu desejar
E a ferida que tinhas minha boca te sara
Pois grande é o poder do meu beijar!
XV
Venhas agora, por favor, não fiques assim
Não tenhas medo sou sua única saída!
E pelo céu voarás abraçada a mim...
E se não quiser juro será de despedida!
XVI
Procures no céu uma estrela por estas noites
Pois se eu voar... Voarei pela imensidão!
Mas do vento a livrarei dos seus açoites
E tu verás a flor brotar novamente em seu coração!
XVII
Pois desci pela prece que um dia fez
Lá em seu quarto de joelhos me pedia
Também sei que não pediu só uma vez
Mas vi que em seus olhos uma chama te ardia!
XVIII
Preocupado recebi a ordem dos céus
Desce filho e vai curar esta filha da solidão
Foi um pedido diretamente do nosso Deus
Para restaurar o seu pobre coração...
XIX
Mas curada voltaste tu a duvidar!
Mesmo depois dos milagres, que tu vieste receber
Mil vezes pela morte te ouvi clamar
Então depressa nesta terra me fiz descer.
XX
E agora despreocupada me esnoba
Mas se lembre que a morte te ronda a vida
Ela sai ceifando e do coração a alma rouba
E não serei nunca mais sua saída.                     
XXI
Pois me desonraste hoje com essa blasfêmia
Pois a ceifadora eu conheço e me pediu novas degolas
Eu disse a ela sobre tu pura infâmia
Pois outro dia igual a esse outra vez sei que imploras!
XXII
Mas a verdade é tão certa como é o nascer do sol
 E ela vira na hora certa ceifando com sua foice de cerol!     E as vagas do céu de volta eu subo rumo certo e solitário
Pois minha vingança é um resumo...
XXIII
E o futuro dela me é tão claro...
Já que o gosto de sua boca em minha boca fixou
Em teus sonhos terá delírios e quase louca de uma paixão que ficará apaixonada igual estou...
XXIV
Mas como anjo belo guerreiro
Em novas guerras logo irei...
Voce pra sempre me desejará
E de voce me esquecerei.
MULHER
XXV
Oh anjo! Anjo! Meu anjo querido não vá!
Não deixe me cá com esses homens mortais
Quero seguir-te até mesmo que este lugar seja por lá
Nos teus lindos campos celestiais!
XXVI
Pois tenho agora a certeza da minha ferida curada
A essencia da minha beleza já tem chegado aos céus
Livra-me meu bem dessa alcatéia de homarada
E volte logo batendo as asas depressa para os braços
 meus!
XXVII
Pois estou angustiada, desejosa e sedenta do seu beijar
Oh meu anjo lindo! Ligue a seta e bata as asas e retorne para cá!
Meu coração hoje flameja, e minha libido nesse instante a lhe desejar
Venhas meu “bem”, não me deixes agora te peço não vá.
ANJO
XXVIII
Não sejas tola mulher!
Mais um atalho agora pegaste
Afinal não é isso que sua espécie deseja e quer?
Sejas feliz com as bênçãos que alcançaste!

By OSA

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